A mistura entre bebida alcoólica e energéticos, comum em bares frequentados por jovens, é mais prejudicial do que quando se consome apenas álcool. O problema é a presença de cafeína, que oculta os efeitos do álcool e leva a pessoa a beber mais. O gosto forte de algumas bebidas destiladas, como uísque e vodca, por exemplo, é mascarado pela substância. Pesquisadores brasileiros mostraram que a associação entre as duas substâncias estimula a dependência e acelera a destruição de células cerebrais.
O álcool é um depressor e após ingerir uma dose começam os primeiros sintomas de relaxamento e sonolência. A cafeína, por outro lado, é um estimulante e causa uma sensação de euforia e excitação. A união entre os dois faz o usuário não sentir as consequências da ingestão alcoólica. É como se o corpo ficasse preparado para mais doses. Com a redução do efeito sedativo, a pessoa fica apta a beber por mais tempo e não percebe a embriaguez.
Nos EUA, fabricantes de bebidas energéticas ganharam um ultimato do governo para mudar a fórmula de seus produtos. Lá, os energéticos já contêm álcool e altas doses de cafeína. Há produtos que chegam a ter 500 mg de cafeína, o dobro da indicação diária. Além da alta concentração desta substância, a porcentagem de álcool é maior que em outras bebidas, fazendo com que jovens tenham alterações comportamentais com apenas uma lata.
Consumo de bebida cresce no país
O consumo de bebida alcoólica no Brasil é grande e vem aumentando nos últimos anos, principalmente entre as mulheres. Levantamentos realizados pelo governo mostram que 12% da população pode ser considerada dependente e 75% já provou algum tipo de bebida durante a vida.
A cerveja é a opção preferida, mas o consumo de destilados misturados com energéticos também é crescente.
Os energéticos começaram a ser comercializados em 1987, após a descoberta da mistura por um austríaco em uma viagem à Tailândia. O temor dos especialistas é que, como a bebida é relativamente recente, não foi possível ainda estudar o efeito da associação com o álcool a longo prazo. É provável que os danos causados a células cerebrais possam ser devastadores. Além da cafeína, há associações nas fórmulas com outros estimulantes, como a taurina, que potencializam a euforia. (PC)
Alcoolismo
Pesquisadores brasileiros foram pioneiros ao apontar os malefícios desta associação. Em 2006 investigadores da Universidade Federal Paulista (Unifesp) publicaram um artigo na revista Alcoholism: Clinical & Experimental Research mostrando que a cafeína estimula o consumo de mais álcool e mascara os efeitos depressores. A publicação revelou que os entrevistados sentiam menos dor de cabeça, fraqueza e boca seca ao ingerir os energéticos. Entretanto, a coordenação motora era afetada.
A pesquisadora Maria Lúcia Souza-Formigoni, Ph.D. em Psiquiatria, coordenadora do estudo, argumenta que a grande questão é que o energético aumenta a palatabilidade da bebida alcoólica. “O jovem não está acostumado com o sabor do uísque e com o energético a ingestão é facilitada.”
Algumas pesquisas sugerem que o uso desta combinação pode facilitar o alcoolismo, já que o indivíduo se acostuma a beber regularmente e geralmente tem uso abusivo. Maria Lúcia afirma que há dois momentos na vida dos jovens em que a bebida está mais presente. A primeira é entre 13 e 15 anos, quando há a passagem para o ensino médio, e a segunda na passagem para a universidade. Principalmente nestes momentos a associação com energéticos pode definir o abuso e a dependência do álcool.
Professora livre docente do Departamento de Darmacologia da Unifesp, Soraya Smaili liderou uma pesquisa sobre o efeito da mistura entre álcool e energéticos no sistema nervoso central. O resultado foi que a associação pode ser até três vezes mais prejudicial. Nos testes realizados por ela, após 24 horas 60% das células cerebrais expostas à mistura estavam mortas.
Soraya afirma que pesquisadores temem o fato de tanto o álcool como a cafeínas serem vendidos quase indiscriminadamente. O álcool, mesmo restrito a maiores de idade, é facilmente comprado por qualquer pessoa. Em relação aos energéticos, não há nenhum tipo de restrição.
Esta notícia foi publicada em 28/04/2011 no sítio da Gazeta do Povo. Todas as informações nela contida são de responsabilidade do autor.
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